14 de maio de 2006

Vairão da Montanha da Nuvem Branca (Tanichthys albonubes)

Aqui fica a primeira das fichas acerca de espécies de aquário, com que pretendo ir enriquecendo o blogue; a primeira é sobre uma das minhas preferidas, daquelas "paixões" algo inexplicáveis, o Tanichthys albonubes, e de que tenho neste momento 5 exemplares num pequeno aquário de água fria na companhia de un casal de Oryzias latipes. Este é um post que não está terminado, e que irá sendo actualizado à medida for compilando e adquirindo (através da minha experiência directa) mais informação sobre esta espécie. O mesmo, espero, irá acontecer com todas as outras espécies com que trabalharei aqui - isto será um blogue mas também uma ferramenta utilitária (espero) para todos os aquariofilistas que o visitem.

Lin, 1932

Três exemplares de Vairões da Montanha da Nuvem Branca (Tanichthys albonubes).

Sinónimos Científicos: Aphyocypris pooni.

Sinónimos Comuns: Falso Néon, Néon Chinês, Danio Chinês, em inglês: White Cloud Mountain Minnow.

Origem: Na China, nas regiões de Cantão (Montanhas da Nuvem Branca) e Hong Kong, onde posteriormente foi considerado extinto ainda que tenham sido recentemente, alegadamente, encontrados alguns exemplares em estado selvagem (ver em:
http://en.wikipedia.org/wiki/Tanichtys_albonubes). Terão também sido encontradas (provavelmente introduzidas) populações noutros pontos da Ásia onde estas subsistem em estado selvagem, nomeadamente no Vietname.

Ordem: Cypriniformes.

Família: Cyprinidae.

Habitat natural: Cursos de água limpa e oxigenada em regiões elevadas e temperadas.

Descrição: De cor prateada-esverdeada com barbatanas caudais e dorsais vermelhas com bordas esbranquiçadas, bem como as barbatanas pélvicas e anais. A própria barbatana caudal é na sua maioria branca e tendo junto ao corpo do peixe um pequeno ponto negro. O corpo é esguio e atravessado por uma risca brilhante, cuja cor varia entre o amarelo e o rosa.

Comprimento máximo: 5 cm nos machos e nas fêmeas.

Dimorfismo sexual: É pouco pronunciado em exemplares juvenis ou mal alimentados, os machos têm cores ligeiramente mais fortes e são mais esguios que as fêmeas que têm um abdómen mais arredondado, em exemplares bem aclimatados e alimentados o dimorfismo é evidente no abdómen das fêmeas que é muito mais volumoso que o dos machos.

Esperança de vida: De 2 a 3 anos (havendo, no entanto, relatos de exemplares que, alegadamente, viveram cerca de 10 anos na seguinte fonte: http://www.fishpondinfo.com/wcmm.htm).

Temperatura: 18 a 22 ºC (20 ºC para reprodução).

pH: Ligeiramente ácido a ligeiramente alcalino, 6.0 – 7.5.

Dureza da água: Dura a macia, 5 – 20° dGH.

Dieta: Omnívoros. Comida seca ou viva.

Hora de actividade: São diurnos.

Aquário: São aconselháveis pelo menos 60 cm de comprimento para que possam nadar e funcionar em cardume livremente e no seu esplendor máximo. É, no entanto, perfeitamente possível a sua manutenção em aquários mais pequenos, sem que isso traga problemas, desde que se tenham em conta as características e manutenção da qualidade da água. Visto ser uma espécie originária de águas temperadas (dita vulgarmente de "água fria") o aquário não necessita de aquecimento.

Zonas do aquário: Meio e superfície.

Sociabilidade: São peixes pacíficos e sociais e é conveniente que vivam em grupos de pelo menos 5 exemplares. Os cuidados a ter terão, porventura, que ver com o risco de serem atacados e comidos por companheiros de tanque agressivos ou de dimensão muito superior.

Variedades: Existem duas a serem cultivadas neste momento: a “Meteor” que possui barbatanas mais longas e é mais antiga, tendo surgido nos anos 50, e a “Golden Cloud” com uma cor dourada, que surgiu nos anos 90. O cruzamento entre estas duas variedades produziu já uma nova variedade, a "Golden Meteor Minnow".

Um exemplar da variedade "Meteor".


Reprodução: São ovíparos – uma das espécies mais fáceis de reproduzir em aquário (são mesmo considerados, possivelmente, a espécie ovípara mais fácil de criar em cativeiro pelo que muitas vezes são aconselhadas como indicadas para principiantes). O procedimento para a reprodução consiste em colocar um casal jovem num pequeno aquário (cerca de 1 dezena de litros será suficiente) onde estes irão depositando ovos ao longo de alguns dias; a postura ocorre em várias “levas” de algumas dezenas de ovos (estas poderão em alguns casos atingir as centenas).
O pH deverá ser entre 6 e 7.5 e a temperatura de cerca de 20 ºC. Os progenitores poderão por vezes comer os próprios ovos, pelo que é aconselhável fornecer alguma forma de protecção aos mesmos, areão grande entre o qual os ovos fiquem depositados e protegidos, uma rede que impeça os pais de alcançá-los no fundo do aquário, ou simplesmente colocar Musgo de Java (Vesicularia dubyana
) para servir de protecção aos ovos. É perfeitamente possível a reprodução no aqua principal utilizando vegetação densa, entre a qual se conta o Musgo de Java, sendo que neste caso é aconselhável que o aquário não tenha outras espécies de peixes que possam comer os ovos ou os alevins.
Os alevins nascem cerca de 2 dias após a postura dos ovos, após o que será aconselhável a remoção dos pais do aquário de reprodução.
A alimentação dos alevins deverá ser iniciada cerca de 1 semana após a postura dos ovos, quando estes já nadem livremente, e deverá consistir de infusória. Após poucos dias pode-se passar a dar artémia.

A ver também o artigo muito interessante: How to Breed White Clouds, no site da revista Practical Fishkeeping.

Comportamento: São peixes pouco exigentes e algo resistentes. Preferem aquários plantados com alguma corrente, à semelhança do que acontece nos cursos de água em altitudes elevadas que constituem o seu habitat natural originário. Vivem em cardumes. A temperatura tem influência na coloração do peixe que com a temperatura acima dos 25° C começam a perder cor. O stress influência também a coloração.

História e curiosidades: Esta espécie terá sido identificada nos anos 30 no Sul da China em Cantão por um chefe escuteiro, de nome Tan, durante uma saída de campo em que recolheu alguns exemplares, que posteriormente entrega a um biólogo de um instituto de pesquisa da região, este em 1932 publica a descrição da espécie – que é baptizada pela nomenclatura binomial de Lineu, em homenagem ao seu descobridor, de Tanichthys albonubes, que em Latim significa algo como “o peixe de Tan das Nuvens Brancas”.
É hoje uma das espécies de aquário produzidas massivamente em países asiáticos e consequentemente uma das mais baratas e maltratadas, sendo por vezes utilizada para alimentar outros peixes.

2 comentários:

HPL disse...

Boas.
Tenho uma duvida.
Já tentei criar 2 vezes estes peixes e depois de aparecer os alevins, espero 4 a 5 dias para dar, alimentação infusória (JBL Nobilfluid).
Mas mesmo antes de começar a dar a mesma, eles começam a morrer. O que poderá ser?
Temperatura=26º Ph=7 Dh=4
Será a temperatura?

HPL disse...
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