27 de outubro de 2006

Endlers

Estou finalmente na posse daquele que tem sido um recente “Santo Graal “ (um dos mais corriqueiros é certo, mas ainda assim um) da aquariofilia; dá por várias denominações: Gupi de Endler, Vivíparo de Endler, simplesmente “Endler”, Gupi de Campoma, e mais algumas. Até há bem pouco tempo não se tinha a certeza do que era – havia quem afirmasse que não se tratava senão de uma população de Gupis com colorações algo excêntricas, havia quem afirmasse que se tratava de uma espécie próxima da Poecilia reticulata, o Gupi comum, mas ainda assim separada desta. Nem identidade certa o animal tinha, até que há coisa de uns poucos meses finalmente o descrevem e passa ser uma nova espécie, de pleno direito: Poecilia wingei. Sobre esse processo pode-se ler mais no site que se segue.

http://www.practicalfishkeeping.co.uk/pfk/pages/item.php?news=889

A sensação de estar finalmente a manter estes animais é que não é totalmente clara. Se por um lado tinha uma certa curiosidade em ver como seriam ao vivo aquelas criaturas coloridas de modo tão bizarro (têm qualquer coisa de Mondrian), por outro não eram daqueles peixes que me tivessem chegado a fascinar do modo que outros o fizeram, o modo em que sei imediatamente que tenho que, mais cedo ou mais tarde, vir a manter tal espécie. São simpáticos os bichos, têm um comportamento diferente dos Gupis, parecem-me menos gratuitos no modo como ocupam a sua existência quotidiana entre quatro vidros, talvez por se tratar de uma espécie que faz poucas gerações, comparada com o Gupi, que foi afastada do seu habitat natural. Penso que só depois de me nascer a primeira geração cá da casa é que vou conseguir formar uma opinião mais certa sobre estes peixes.

É provável que nos próximos dias escreva mais sobre esta espécie.

25 de outubro de 2006

Tanichtys micagemmae

Não poderia nunca "saltar" a menção a esta espécie de que apenas recentemente tomei conhecimento: é um "novo" Tanichtys albonubes, as cores são diferentes e vem mais do Sul, do Vietname e foi apenas identificada em 2001 - Tanichtys micagemmae. É a segunda espécie que se conhece no género Tanicthys.
Estou a fazer diligências para arranjar alguns exemplares e pode ser que em breve aqui escreva sobre a minha experiência com estes animais lindíssimos. Por enquanto deixo aqui uma foto para ir aguçando o apetite.

19 de outubro de 2006

A saga dos Gouramis coaxantes

São estes os protagonistas da minha mais recente aventura neste mundo que é a aquariofilia, mas primeiro alguns dados introdutórios – os Gouramis Coaxantes da família Belontiidae e do género Trichopsis dividem-se (que eu conheça) em duas espécies de interesse aquariófilo: o Gourami Coaxante, Trichopsis vittata (ou vittatus de acordo com as últimas revisões taxionómicas) e o Gourami Coaxante Anão, Trichopsis pumila (ou pumilus, pela mesma razão do caso anterior). O primeiro atinge os 6 cm e tem uma coloração geral baça e de tons acastanhados podendo esta coloração variar razoavelmente nas diversas populações da espécie, o segundo atinge os 3 cm e tem colorações mais vivas e uma pigmentação brilhante – donde um dos seus nomes comuns em inglês, Sparkling gourami; as duas espécies são muito semelhantes no seu comportamento e ambas têm uma particularidade fascinante: coaxam, emitem sons característicos quando se encontram excitados ou para efeitos de competição entre machos e acasalamento.

Foi em boa parte esta característica que me fez interessar-me pelos peixes, inicialmente tomei conhecimento da existência do Trichopsis vittata desconhecendo a existência do pumila, e procurei encontrar alguns exemplares em vão, posteriormente tomei conhecimento da segunda espécie e de uma loja que a tinha para venda, meio renitente – pois não era a espécie que buscava – e desconhecendo as incríveis semelhanças entre as duas, bem como a vantagem (para mim) das menores dimensões da segunda deixei passar a oportunidade de adquirir alguns exemplares. Parte desta história está documentada num tópico que abri no Fórum Aquariofilia e que pode ser lido em: http://www.aquariofilia.net/forum/viewtopic.php?t=47996 , seja como for adquiri, faz agora dois dias, dois exemplares do que vim a descobrir serem afinal Trichopsis vittata, poucos e já sem se encontrarem nas melhores condições de saúde, um deles descobri-o morto há pouco.
Quanto ao outro anda muito timidamente pelo aquário com um aspecto ainda bastante fragilizado, se sobreviver vou tentar adquirir mais alguns exemplares num futuro próximo (a mesma loja onde os comprei parece que vai fazer nova importação) e constituir uma colónia viável. Se não o conseguir, uma outra loja vai proximamente tentar fazer uma importação de Trichopsis pumila e irei centrar-me nessa espécie, aliás mais adequada às dimensões do meu comunitário asiático. Desejem-me alguma sorte!


Este é um dos dois exemplares de Trichopsis vittata que adquiri.


Para quem quiser saber mais sobre estas espécies recomendo a leitura dos seguintes sites:

http://www.aquariumfish.com/aquariumfish/detail.aspx?aid=25598&cid=4150&search

http://en.wikipedia.org/wiki/Trichopsis_vittata

http://aquaworld.netfirms.com/Labyrinthfish/Trichopsis/Trichopsis_vittatus.htm

http://www.aquarticles.com/articles/breeding/Peters_Trichopsis_vittatus.html

http://articles.gpasi.org/trichopsis_pumilus.html

http://aquaworld.netfirms.com/Labyrinthfish/Trichopsis/Trichopsis_pumila.htm

http://www.aquarticles.com/articles/breeding/Korotev_Trichopsis_pumila.html

18 de outubro de 2006

Nova montagem

Este é um dos primeiros resultados da nova abordagem relativa aos aquas de que falei no post anterior - uma montagem de 54 litros com o propósito principal de ser um habitat de vivíparos calmos (as Jordanelas como também são de bom feitio, e ultimamente andavam à beira de uma crise nervosa ao viverem com as Amecas, vieram também) onde estes se possam, inclusivamente, reproduzir sem minha intervenção – para isso a zona "densa" com Ceratophyllum demersum no lado esquerdo do aquário.


Neste momento são os seguintes os habitantes:

3 Jordanelas, Jordanella floridae (1 macho e 2 fêmeas)

7 Gupis, Poecilia reticulata var. “snakeskin” (1 macho e 6 fêmeas)

2 Límias, Limia nigrofasciata (casal)

3 Ampulárias, Pomacea bridgesii

Vários Caracóis, Planorbis spp. e Physas spp.

A flora consiste de:

Sagittaria platyphylla

Bacopa Monnieri

Echinodorus parviflorus

Ceratophyllum demersum

E agora as fotos:

Um plano geral do aqua.

Duas fêmeas, uma de Jordanela e uma de Gupi a fazerem-se à foto.

13 de outubro de 2006

Ponto da situação III

Entre a mudança de casa, o começo das aulas e outras questões, tenho tido pouco tempo e disposição para aqui escrever algo que valha a pena, no entanto (talvez integrado na dinâmica que a mudança de casa provocou) tenho andado a fazer um reavaliação dos aquas que mantenho. Essa reavalição integra não apenas o espaço que os aqua ocupam na casa (andava até agora a dormir com 5 aquários no quarto!) como também aspectos que pretendem optimizar o seu funcionamento e manutenção, e uma maior racionalização das espécies que neles habitam - há nisto uma componente de downsizing e busca da maior rentabilização possível dos recursos muito limitados que tenho (entenda-se: $ mas também o tempo que posso despender com os aquas).
Nisto dou comigo já olhando para o hobby com uma perspectiva menos caótica e voluntariosa no que respeita às espécies animais e vegetais que quero manter. Então, o resultado desta reflexão permitiu-me chegar ao seguinte número de aquas e respectivas populações:


15 Litros de Setúbal – 4 Gambusia holbrookii

20 Litros de Lisboa – 3 Jordanella floridae, 1 Microgeophagus ramirezi

20 Litros de Lisboa – 1 Betta splendens, 3 Acanthophthalmus kuhlii

33 Litros de Lisboa – 3 Ameca splendens, 3 Xiphophorus maculatus var. “Wagtail”, 1 Parotocinlus jumbo (é pouco para as Amecas, mas por enquanto será esta a sua casa)

33 Litros de Lisboa aberto – 2 Oryzias latipes, 5 Tanichtys albonubes, 2 Beaufortia leveretii

38 Litros de Setúbal – 1 Poecilia sp. Var. “Molly Negra”, 1 Xhiphophorus maculatus var. “Mickey Mouse”, 5 Paracheirodon innesii, 3 Corydoras aeneus (este é o aqua em que a população se encontra mais caótica, mas que se vai manter assim por enquanto)

54 Litros de Lisboa – 2 Limia nigrofasciata, 7 Poecilia reticulata var. “Snakeskin” (neste aqua vou tentar criar as melhores condições possíveis para que se dê uma reprodução natural das espécies nele presentes)

70 Litros de Lisboa – 1 Trichogaster tricopterus, 7 Melanotaenia praecox, 2 Crossocheilus latius, 1 Crossocheilus siamensis

Será, dentro de poucos dias, este o ponto da situação com o qual penso trabalhar durante os tempos mais próximos. Se bem que sinto uma inclinação cada vez maior para especializar os aquários com vista a reprodução.

12 de setembro de 2006

Leituras recomendadas II – The Origins of the Hobby Most Hybridized Fish

A Tropical Fish Hobbyist é, como provavelmente sabem, uma das revistas de referência dentro do hobby, talvez a mais conhecida a nível mundial, é uma que costumo comprar regularmente e das mais fáceis de encontrar a venda no nosso país. No último número, o de Setembro de 2006, vem um artigo que achei especialmente interessante pois permitiu-me, em certa medida, obter a resposta a uma questão com que me debatia fazia já algum tempo: a de saber a que espécie pertence, afinal de contas, a Moli Negra e também a Dálmata.
The Origins of the Hobby Most Hybridized Fish - foi um dos artigos que mais me chamou à atenção neste número (a maioria fizeram-no por questões de gosto pessoal - que respeita às espécies tratadas), a coluna "Livebearers Unlimited" de Ted Coletti (um autor que me agrada pela perspectiva historicista que coloca em muitos dos seus artigos) onde este descreve uma pequena história das Molis Negras e do processo de hibridização que levou ao peixe que hoje conhecemos, e que tantas vezes me levantou problemas quanto à sua correcta identificação – o caso é que efectivamente se tratam de híbridos cuja ascendência envolve várias espécies de Molis, nomeadamente: Poecilia latipinna, Poecilia sphenops e Poecilia velifera, em graus e doses muito díficeis de definir com rigor.

10 de setembro de 2006

Microsorum pteropus

Apenas uma pequena nota para memória futura que pode ter a utilidade de me permitir documentar a ocorrência, e as condições desta, do fenónemo que passo a referir: é que notei que alguns dos meus exemplares de Microsorum pteropus, da variedade comum e da "Windelov", estão a produzir novas plantas através de esporos que crescem nas extremidades das próprias folhas das plantas existentes. Assim que possa coloco aqui umas fotos.

31 de agosto de 2006

Leituras recomendadas

Ser aquariófilo em férias é uma condição que pode apresentar situações delicadas para o bem-estar dos aquários quando as ausências são muitas e se prolongam quase sempre por mais de uma semana, felizmente um amigo meu, ex-aquariófilo (que em vão tenho tentado fazer regressar ao vício), tem tido simpatia de ir mantendo os serviços minímos nos meus aquas. Têm no entanto sido umas férias bastante dedicadas à aquariofilia. Como – perguntarão talvez, já que tenho quase sempre estado longe dos aquas? A resposta encontra-se naquilo que têm sido uma boa parte das minhas leituras este Verão: artigos e textos técnicos sobre o hobby onde tenho encontrado um manancial de fascinação quase tão grande como o contacto directo com os aquas é; tenho aprofundado seriamente os meus conhecimentos sobre princípios mais ou menos técnicos, sobre algumas espécies que já conhecia e sobre novas que muito gostaria de vir a conhecer em primeira-mão; percebi porque certas práticas que tantas vezes escutamos recomendar fazem pleno sentido, o “porquê” por detrás do dogma.

As duas principais fontes de informação têm sido revistas da especialidade e sites homólogos na net, sobre as primeiras não me vou alargar muito agora, sobre as segundas vou aqui deixar os links para alguns dos artigos mais interessantes que tenho encontrado nos últimos tempos. Por falta de disponibilidade não me vou alargar nos meus comentários aos ditos artigos, porém, espero no futuro fazer disso uma prática cada vez mais constante.

Um artigo interessante e sólido, que dá pelo nome de How to breed White Clouds e é, como provavelmente já calcularam, sobre uma das espécies que se encontra mais solidamente radicada no meu “panteão” aquariófilo, o Tanichtys albonubes. A fonte é uma revista que desconhecia até há pouco tempo atrás, a Practical Fishkeeping Magazine, de origem britânica e cujo site é de excelente qualidade, bem como prodigioso na quantidade e qualidade do material que disponibiliza para acesso livre – recomendo muito seriamente.

Sobre outro dos meus favoritos, o Crossocheilus siamensis, encontrei num site chileno este artigo sobre a espécie, que recomendo. Curiosamente, o último número da revista espanhola Acuario Práctico trazia também um extenso artigo sobre o Comedor de Algas Siamês.

Finalmente, por hoje, um animal que apenas hoje tomei conhecimento da sua existência, Trichopsis vittata ou Gourami Coaxante, um Gourami de pequenas dimensões, bastante social, com um um comportamento fascinante e que coaxa! A fonte é novamente o site de uma revista, americana, a Aquarium FishThe Croaking Gourami.

4 de agosto de 2006

Nano Biótopo asiático, “Beta”, de 15 litros

Este é um dos pequenos projectos que estou a desenvolver na minha casa de Setúbal, onde só vou de vez em quando e onde os aquas ficam entregues aos cuidados dos meus pais. É uma tentativa séria de um quase plantado, é-o praticamente, só que numa versão muito low-tech, que não é aquilo que idealmente considero um plantado... mas desses ainda não fiz nenhum... é o grande projecto por onde ainda não sei que ponta pegue. Neste a ideia é criar um pequeno jardim que terá como habitantes um Beta, uns Harlequins e possivelmente um Kuhlii ou uma Botia Zebra, segue em termos tolerantes a linha de biótopo asiático de água quente e com bastante vegetação.

Equipamento:

Tanque de 15 litros.

Substrato de areão miúdo

Permite um melhor desenvolvimento de plantas de pequenas dimensões.

Iluminação Dymax Clip Lighting de 11 watts.

Filtro externo de cascata Jebo 501 Mini Filter de 250 l/h

Pouca corrente, apenas alguma agitação superficial.

A iluminação e o filtro são por enquanto uma opção de compromisso. A lâmpada usei a que já tinha, compacta de 15 watts, na calha original do aquário, que é um Aquapor de 15 litros. O filtro utilizei o minúsculo Aqua Szut de 260 l/h, são opções de segunda escolha, mas são-no mais por razões estéticas e de rentabilização do espaço do que propriamente de eficiência, não é pelo hardware que este aquário não será bem sucedido.

Termóstato de 25 watts.

Optei por um Elite, dos de tamanho mini que apenas aquecem a água entre 2-4 °C acima da temperatura ambiente, mas tendo em conta que a temperatura no meu quarto, mesmo no Inverno, nunca é extrema não haverá por aí problemas. É até interessante a aproximação à realidade que as flutuações "indexadas" à temperatura real podem permitir.

Termómetro interno.

Flora:

Cryptocoryne lucens, Limnophila aromática, Blyxa japónica, Vesicularia dubyana.

Plantas possíveis para tapete: Glossostigma elatinoides, Pogostemon helferi, Utricullaria graminifolia.

Desta flora, acima enunciada, apenas o Musgo de Java (Vesicularia dubyana) e a Utricullaria graminifolia coloquei no aqua, as outras plantas que lá pus foram a Didiplis diandra que tinha estacada e semi-atrofiada num outro aqua e que resolvi pô-la neste tentando a sua sorte, além a Didiplis lá coloquei uma Microsorum pteropus “Windelov” linda que tinha num setup de água fria que desmontei. Pus também dois pés de Ceratophylum demersum a ver se pegam e “enchem” de verde o aqua.

Fauna:

Beta (Betta splendens), Pangio kuhlii, Botia striata.

Opções para grupo:

Rasbora heteromorpha

Neocaridia denticulata sinensis var. “red cherry”

Em princípio é péssima ideia, a colocar de parte, já que a Utricularia é carnívora e gosta bastante de pequenos crustáceos e afins.

A fauna consiste, por enquanto, de uma Beta fêmea e uma Rasbora Harlequin; estas últimas têm consistido num problema, das 4 iniciais que lá coloquei apenas uma sobreviveu até agora… desconfio que possa ser da água do aquário ser ainda muito nova e este estar longe de estar equilibrado. Seja como for já entendi que a colocação da fauna neste aqua vai ter que ser particularmente demorada e cuidadosa para que não ocorram mais baixas perfeitamente evitáveis.

É, em linhas gerais, este o projecto e o seu estádio de desenvolvimento. À medida que se forem registando evoluções irei aqui dando delas conta.

P.S. – A itálico estão comentários meus, muitos deles posteriores às intenções iniciais descritas.

1 de agosto de 2006

Gertrudes (Pseudomugil gertrudae)

Este estudo liga-se à ideia que tenho andado a fermentar e apurar nos últimos tempos de tentar fazer criação de uma espécie, a essa ideia mas também à propria beleza destes pequenos animais e à simplicidade de os poder manter e criar num pequeno aquário. Gosto bastante deles e surpreende-me que sejam tão pouco vistos no comércio especializado, são relativamente pouco exigentes, fáceis de reproduzir, sociáveis e, como se já não fosse o bastante, de uma beleza espectacular.


Gertrudes (Pseudomugil gertrudae)

Weber, 1911

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Um exemplar macho de Pseudomugil gertrudae.

Ordem: Atheriniformes.

Família: Pseudomugilidae.

Sinónimos: Pseudomugil gertrudei.

Sinónimos comuns: Olho-azul de Pintas; em inglês: Spotted Blue-eye, Gertrude's Rainbow.

Origem: Norte e Sudoeste da Nova Guiné e Norte da Austrália.

Habitat natural: Podem ser encontrados em pequenos arroios, lagoas e pequenos riachos geralmente com vegetação densa.

Descrição: O corpo é moderadamente comprimido e alargado e tem uma coloração que pode variar em cada indivíduo entre e o verde, o azul e o prateado translúcido, entre os olhos e as barbatanas peitorais têm uma zona de cor avermelhada. As escamas nos lados do corpo possuem pequenos rebordos negros em cada uma, formando várias filas horizontais de cor escura que percorrem a totalidade do corpo, sendo que uma delas, a central, é mais consistente e “marcada”. É caracterizado por possuir duas barbatanas dorsais, a primeira mais pequena e em forma de “gancho” quando erecta; a coloração das barbatanas dorsais, anais e caudais pode variar de indivíduo para indivíduo entre tons de branco, amarelo, azul, verde manchadas de pequenos pontos negros de forma oblonga e têm muitas vezes um fino rebordo branco; as barbatanas peitorais são transparentes com um bordo superior de cor amarela intensa (podendo contudo serem cor-de-laranja ou mesmo de um laranja avermelhado), as barbatanas ventrais são semi-transparentes e tem um tom esbranquiçado ou amarelado. Os olhos são de um azul intenso, de onde deriva a sua denominação em inglês.

Comprimento máximo: 4 cm.

Dimorfismo sexual: Os machos têm as barbatanas dorsais, anal e peitorais mais alongadas e mais pontilhadas do que as fêmeas. A fêmea pode ter um tom geral alaranjado que se torna mais intenso junto à barbatana caudal. Ambos os sexos têm as barbatanas salpicadas de pequenos pontos negros, estes porém podem ser em maior número nos machos.

Esperança de vida: Cerca de 3 anos; havendo no entanto quem tenha uma experiência com esta espécie em que esta aparenta ter uma vida geralmente curta, apontando para a possibilidade de poder ser uma espécie anual, para mais informação ver em: http://www.aquarticles.com/articles/breeding/Kaznica_Gertrudes_Rainbow.html .

Temperatura: 23-30 °C.

pH: 5.2 - 6.7 pH.

Dureza da água: De macia a média, entre 3 a 12 ° dGH.

Dieta: Na natureza é essencialmente insectívoro alimentando-se de pequenos insectos, larvas e também crustáceos, no aquário pode ser alimentado com flocos e variados tipos de comida desde que estas sejam de um tamanho acessível às suas pequenas bocas.

Hora de actividade: São diurnos.

Aquário: Devido às suas reduzidas dimensões são adequados para pequenos aquários, a partir dos 20 litros (para que se possa manter um pequeno grupo). Este deve ser densamente plantado com um área parcialmente livre para que estes possam nadar; não deve ter uma corrente muito forte. A presença de Musgo de Java pode facilitar a reprodução.

Zonas do aquário: Todas as zonas.

Sociabilidade: São pequenos peixes, pacíficos e sociais que interagem particularmente entre a sua própria espécie dedicando-se a permanentes rituais de definição de hierárquica, de carácter pacifico, entre machos que se exibem entre si e perante as fêmeas. Perante outras espécies são extremamente pacíficos e tendem a ignorar a sua presença.

Variedades: As variações ocorrem entre as diversas populações selvagens e prendem-se essencialmente com as tonalidades de coloração.

Reprodução: Em estado selvagem a época de reprodução é entre Outubro de Dezembro. É um peixe de fácil reprodução, ovíparo e prefere desovar no fundo do aquário onde deve ser colocado um mop ou um pedaço de Musgo de Java. A desova tem início, geralmente, durante a manhã e pode durar o dia todo, podendo as fêmeas por cerca de 10 ovos por dia, estes são transparentes, medem cerca de um 1mm de diâmetro e demoram (dependendo do factor temperatura) entre 10 a 20 dias a eclodir.
Os ovos, no caso de existirem outras espécies no aquário, devem ser removidos para um aquário próprio onde irão eclodir, num aquário específico a reprodução tem lugar sem que os pais pareçam incomodar os alevins. Os alevins quando nascem são tão pequenos que não podem que têm que se alimentar de microorganismos durante cerca de uma semana, a partir do momento em que os alevins conseguem nadar podem ser alimentados por infusória ou náuplios de artémia; o crescimento destes é rápido e em cerca de 3 meses atingem o estado adulto.

Comportamento: São pequenos peixes muito belos e pacíficos, são curiosos e interagem muito entre si, os machos competem entre si a maior parte do tempo exibindo as suas barbatanas quando mantidos num pequeno grupo. Sem que sejam um peixe de cardume propriamente dito são certamente um peixe de grupo e que necessita da companhia da sua própria espécie para se sentir feliz.

História e curiosidades: Foi pela primeira vez capturado nas Ilhas Aru, ao Sul da Nova Guiné. O seu nome específico, gertrudae, foi-lhe atribuído em honra da esposa, de nome Gertrudes, de um cientista que visitava as ditas ilhas, um tal Dr. Hugo Merton.

Férias e aprendizagens

As férias podem ser um problema aquariófilo significativo, as ausências que tendem a ser um pouco prolongadas implicam que se deixem os aquários entregues a si próprios, o que num aquário equilibrado pode nem ser grande problema, mas em aquários de pequenas dimensões como são a maioria dos meus, que para se manterem saudáveis implicam uma manutenção e vigilância muito regulares dos parâmetros da água, são aquários exigentes, muito mais do que um aquário de grandes dimensões, no que respeita aos elementos básicos para o bem estar dos peixes. Para mim as férias este Verão têm, infelizmente, equivalido a algumas baixas a cada regresso a casa. O lado bom destas desventuras tem sido o facto de que me tem feito repensar e considerar muito mais cuidadosamente cada um dos meus setups, no sentido de reduzir ao minímo as "invenções" e em cada um deles tomar a abordagem mais simples e mais funcional possível - as espécies de fauna e flora, as suas intercompatibilidades e adequação as caracterisiticas do equipamento e da água, um procura de reduzir ao mínimo os problemas que advém de setups mal feitos ou características incompatíveis que são presentes por desleixo ou por teima em manter determinadas espécies sem levar em conta o melhor interesse dos seus representantes. Para mim a consciencialização acerca deste tipo de questões tem sido parte de um processo de aprendizagem centrado na aquariofilia mas que é passível de se estender, em diversificados níveis, a outros aspectos da vida - a simplicidade, a perseverança, a atenção e vigilância que por vezes é necessário termos perante as coisas que são nossa responsabilidade, e o resultado natural destes cuidados será algo que existe de modo saudável.

14 de julho de 2006

Medaka Japonês (Oryzias latipes)

Aproveitando o recente entusiamo com que ando pelos biótopos de água fria, deixo aqui mais uma ficha de espécie, desta vez são os simpáticos Medakas.

Temminck & Schlegel, 1846

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Um exemplar macho do Medaka Japonês.


Ordem: Beloniformes.

Família: Adrianicthyidae.

Subfamília: Oryziinae.

Sinónimos: Poecilia latipes, Aplocheilus latipes.

Sinónimos comuns: Medaka, Peixe-do-arroz Japonês, e em inglês: Japanese medaka, Japanese ricefish.

Origem: No Japão mas também na China, Formosa, Coreia e Vietname.

Habitat natural: Rios de águas lentas e arrozais, cursos de água subtropicais.

Descrição: São peixes esguios e comprimidos lateralmente, a sua coloração em estado selvagem é de um cinzento-prateado, sendo nas variedades de aquários ou branca ou amarela – as duas principais variedades obtidas por reprodução selectiva. A barbatana dorsal ocupa uma posição marcadamente posterior, próxima do pedúnculo caudal; a barbatana anal é mais extensa do que é normal, por comparação com a dorsal que tem uma dimensão menor do que esta.

Comprimento máximo: 4 cm.

Dimorfismo sexual: As fêmeas são geralmente mais “cheias” do que os machos e estes têm as barbatanas dorsal, peitoral e anal mais desenvolvidas. Outro sinal distintivo poderá a presença de uma abertura separando os raios da barbatana dorsal, na sua zona inferior, nos machos (sendo está a forma de diferenciação mais fiável).

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Gráfico em Japonês assinalando as características dimorfas.


Esperança de vida: Pelo menos 3 anos confirma-se.

Temperatura: 18 a 24 °C, na natureza podem suportar durante breves períodos temperaturas extremas que se encontram numa amplitude entre os 5 e os 35 °C.

pH: Neutro a ligeiramente alcalino, 7 – 8.

Dureza da água: Ligeiramente dura a dura, 9 – 19 °dGH.

Dieta: São omnívoros e a sua dieta pode ser constituída por flocos (para peixes de água fria ou tropicais), zooplâncton, granulado, dáfnias e náuplios de artémia. Os Medakas alimentam-se à superfície do aquário podendo, no entanto, procurar comida no fundo do aquário.

Hora de actividade: São diurnos.

Aquário: Dadas as pequenas dimensões que a espécie atinge não será necessário um aquário muito grande, por outro lado, tendo em conta que são um peixe de grupo em que é conveniente existirem pelo menos 5 indivíduos no aquário, este deverá ter no mínimo 20 litros de capacidade. O aquário deve ter bastante vegetação em “arbusto” próxima da superfície que proporcione um suporte adequado para a desova. O aquário pode não ter aquecimento, visto esta espécie ser originária de águas temperadas e não tropicais – pelo mesmo motivo pode ter como companheiros de aquário outras espécies de águas temperadas e não-agressivas como: Tanichtys albonubes, Beaufortia leverettii ou mesmo Carassius auratus (até dimensões médias não existe risco algum), por exemplo. Podem viver durante os períodos menos frios do ano em lagos exteriores.

Zonas do aquário: Meio, no entanto podem-se vir alimentar-se à superfície e ao fundo.

Sociabilidade: São peixes pacíficos que, não sendo de cardume, gostam de viver em grupo; dão-se bem com todo o tipo de peixes desde que estes não sejam agressivos, pois não se defendem a si mesmos.

Variedades: As duas principais variedades “naturais” são a branca e a xântica (amarela), ambas obtidas por reprodução selectiva. Existem também, infelizmente, variedades que não são naturais, ou transgénicas – sendo estas fluorescentes e capazes de brilharem no escuro, através da adição de material genético de Medusas e comercializadas pela empresa de produtos de aquariofilia Azoo. A mais conhecida é a TK-1 “Golden Night Pearl” que emite uma cor amarela-esverdeada, existem também as variedades TK-3 e TK-4, entre outras, sendo as mencionadas de pigmentação azul e de fuchsina (avermelhada) respectivamente. Os criadores destas variedades transgénicas afirmam que as mesmas são estéreis. Para mais informação ver em: http://www.gio.gov.tw/info/nation/fr/fcr97/2005/04/p20.html .

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Espécimes de uma variedade fluorescente.


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Um espécime da variedade dourada.


Reprodução: São ovíparos de fertilização externa (havendo no entanto relatos da possibilidade de fertilização interna, ver em:
http://www.fbas.co.uk/Ricefish.html ). Têm tendência a reproduzirem-se durante a Primavera, apesar de serem não-anuais. O processo é despoletado através da temperatura que deve ser ajustada para perto dos 25°C e o período de luz deve ser aumentado de modo a simular a extensão dos dias durante a Primavera. Durante o processo reprodutivo a fêmea ganha um aspecto que pode ser tão inchado como aquilo que é comum observar nos vivíparos, de seguida manterá os ovos fixados em cacho (cada um pode conter entre 10 e 20 ovos e estão pendurados e ligados entre si por um pequeno filamento opaco) entre o abdómen e a barbatana anal durante algumas horas, período em que o macho os fertiliza, depositando-os posteriormente em plantas de folhas preferencialmente finas ou num mop, onde se roça para desprendê-los. Neste ponto, para assegurar uma melhor taxa de sobrevivência dos alevins é aconselhada a remoção dos ovos para um aquário próprio. Este procedimento tem uma maior probabilidade de ser observado pela manhã que é o período preferido pelos machos para levarem a cabo a fertilização. Uma fêmea pode produzir ovos todos os dias durante um período de várias semanas.
Os ovos têm um tamanho entre 1 e 1.5 mm e são transparentes e demoram entre 1 e 3 semanas a eclodir, dependendo isso de vários factores como as características da água e a sua temperatura. Estes após a postura podem ser, à semelhança do que acontece com os killis, ser transferidos para um aquário próprio onde irão eclodir, durante o período de incubação é de especial importância a boa qualidade da água.
Os alevins são fáceis de criar e podem ser alimentados com comidas comerciais para alevins.

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Uma fêmea com ovos apresentado um aspecto inchado.


Comportamento: É um peixe nada problemático e bastante robusto que gosta de viver em grupos com a sua espécie dando-se também bem em aquários comunitários com espécies pacíficas e de dimensões que não sejam demasiado grandes. São peixes extremamente pacíficos.

História e curiosidades: São representantes do genéro Oryzias, o único existente na sub-família Oryziinae. É um peixe muito extensivamente utilizados para estudos científicos na área da genética e dos carcinógenos – será um dos poucos peixes mais conhecidos por cientistas do que por aquariófilos. A esta apetência pela sua utilização enquanto objecto de estudos científicos não será alheio o facto de ser um peixe bastante resistente que vive muitas vezes em águas com elevado grau de poluição; outra das suas características, a pigmentação uniforme e clara que tem na sua forma selvagem levou a que fosse seleccionado para o infeliz projecto de produção de peixes fluorescentes já mencionado acima.
É, felizmente, um animal muito apreciado pelo povo japonês, especialmente as crianças, pelo seu carácter e aspecto simpático – sendo mesmo organizadas excursões escolares para observação e recolha de exemplares nos seus habitats naturais.

10 de julho de 2006

Setup nº5 - Nano "Biótopo" de Água Fria

Estou finalmente de férias e novamente com tempo para dedicar ao blog que, nos últimos tempos, tinha andado um pouco abandonado e muito pouco à altura daquilo que para ele pretendo, um site de cada vez maior excelência sobre este hobby fantástico que é a aquariofilia. Pelo que vou tentar que este primeiro post seja particularmente interessante, razão pela qual vou nele expor o meu mais recente projecto, do qual estou especialmente orgulhoso: um nano “biótopo” de água fria! Primeiro deixo aqui o setup e de seguida tentarei comentar os aspectos mais interessantes do aqua.

Substrato:
Lavalite, diversos seixos médios de rio.

Equipamento:
Dymax Clip Lighting de 11 Watts.
Filtro externo de cascata Jebo 501 Mini filter de 250 l/h, material filtrante de esponja e EHEIM Substract pro, com oxigenação por agitação.
Aquário de “água fria” sem termóstato.
Termómetro interno.

Flora:
Musgo de Java (Vesicularia dubyana), altura de +5 cm, largura de +5 cm, luz muito baixa a muito alta, temperatura de 15-28 °C, pH de 5-9, crescimento lento, origem na Ásia.

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Ceratophyllum demersum, altura de 5-+80 cm, largura de 5-+15 cm, luz muito baixa a muito alta, temperatura de 10-28 °C, pH de 6-9, crescimento rápido, origem cosmopolita.

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1 Cladophora aegagropila, altura de 3-10 cm, largura de 3-10 cm, luz muito baixa a alta, temperatura de 5-28 °C, pH de 6-8.5, crescimento muito lento, origem na Europa e Ásia.

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Fauna:
Casal de Medakas Japoneses, (Oryzias latipes), comprimento máximo de 4 cm, temperatura de 18-24 °C, pH de 7-8, origem na Ásia – Japão, China, Coreia.

5 Vairões de Montanha da Nuvem Branca (Tanichthys albonubes), comprimento máximo de 4 cm, temperatura de 8-25°C, pH de 6-8, origem na China.


Havia já muito tempo que tinha vontade de fazer qualquer coisa com peixes de "água fria" que não se resumisse a um aqua de Carassius auratus, um pouco uma vontade de provar que existe "vida" para além dos aquários tropicais e que com água fria (os parentes pobres da aquariofilia) se podem fazer coisas tão interessantes como com os tropicais; este é um nano, pelo que me restringi a animais pequenos, no entanto tenho a sensação de que ainda só estou a começar no que toca a espécies não-tropicais - as hipóteses são tantas... há muitos peixes de regiões temperadas que na minha opinião não ocupam o lugar que merecem no hobby. Seja como for este é um meu primeiro esforço exploratório deste conceito, que gostaria muito de ver ganhar uma projecção maior, pois já li sobre biótopos de água fria, especialmente chineses, de rios de montanha, em alguns sites e livros mas confesso que nunca vi ninguém que tivesse montado um, vi já também "micro-nanos" com camarões de Nuvens Brancas que eram essencialmente plantados e os animais estavam lá apenas como adereço, mas não considero isso própriamente um aqua de água fria no sentido em que vinha falando.
Neste aqua utilizei um Aquapor de 15 Litros, daqueles que toda a gente já teve mas de que ninguém gosta (incluindo eu) :P, nele fiz uma pequena adaptação, mais de motivos estéticos mas também funcionais, que foi retirar o bordo plástico superior do aqua onde encaixam a calha e a tampa (uma tarefa que nao desejo a ninguém, que me ocupou cerca de duas horas enfiado na banheira com uma lâmina de barbear que não resistiu à experiência!), já que não ia utilizar nem uma nem outra - este será um aquário aberto, com filtro externo e iluminação de mini-calha.
Ou seja, um paraíso de água fria em ponto pequeno! Não será propriamente um plantado, já que a enfase está nos peixes, mas terá bastantes plantas; nisto entra uma ideia "alargada" de biótopo, toda a vegetação será de origem asiática e escolhida com a preoupação de suportar bem um ambiente temperado e que funcionassem bem num espaço de 15 litros. Convém mencionar que procurei escolher plantas que não fossem demasiado complicadas ou "esquisitas" e selecção recaiu sobre: Vesicularia dubyana, Ceratophilum demersum, Urtricullaria graminifolia (quanto a esta planta trata-se da minha primeira experiência com ela, mas tem reputação de não ser muito exigente) e uma Cladophora aegagropila. Coloquei também uns rebentos de Eleocharis acicularia, à experiência, que restaram de uma planta que moribunda doutro aqua e que, tenho esperança, neste aqua se venha a dar bem.
A iluminação é uma Dymax Clip Lighting de 11 watts, de preço bastante em conta e uma intensidade bastante agradável para 15 litros brutos - gosto especialmente do facto de me permitir manter o aquário aberto. E como no que respeita a nanos a poupança do espaço interno é uma ideia-chave, optei por um pequeno filtro externo de cascata, um Jebo 501; ainda andei a namorar os da Eheim mas para além de o mais pequeno (o 100 se não me engano) ter ainda demasiada força, são um pouco maiores e um pouco mais caros. Uma área em que pisei terrenos desconhecidos foi com o substracto, estando eu farto do areão de rio comum, não sentindo grande afinidade com a ideia de dar os olhos da cara por um substracto fértil comercial, e tendo a ideia fixa de que queria experimentar um substracto escuro, resolvi optar por 2 kilos de lavalite.
Este é o resultado final:

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Um plano geral do aqua.

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Agora um plano de pormenor.

24 de junho de 2006

Projectos

Há já bastantes dias que aqui não escrevo mas não tem sido por falta de vontade, tem sido por falta de tempo, o ano na Universidade está quase a terminar e os exames têm estado aqui em força, no entanto não me tem faltado actividade aquariofila, nomeadamente uma remodelação a fundo do aqua de 65 litros sobre o qual estou finalmente a conseguir obter ideias consistentes - está no bom caminho, no de ser um aquário original e de aspecto agradável e funcionamento equilibrado. Tenho também tentado concretizar pequenos projectos nos outros aquas, a introdução de um casal de Ramirezis Dourados no aqua de 20 litros onde deixei, finalmente, de tentar adequar a água e o seu pH de 6 aos peixes e optei por adequar os peixes à água, ou seja, retirei do aqua o trio de Guppys e os Tanichtys e coloquei lá os Ramirezis e os Neons que estavam no aqua de 65 litros, de modo que agora todos vivem felizes e contentes! Os Ramirezis são uma grande curiosidade minha desde há algum tempo, mas sempre me intimidou um pouco a sua reputação de peixes delicados, também me deixa contente que agora já me sinta à altura de manter esta espécie lindíssima de aspecto e, alegadamente, de carácter.
Os próximos passos prendem-se com o aumento equilibrado e sustentado das espécies vegetais e necessárias melhorias na iluminação, bem como a aquisição de algumas espécies menos vulgares (talvez uns parentes do Comedor de Algas Siamês que descobri recentemente e me agradaram bastante que são os Crossocheilus latius, e alguns Melanotaenia praecox...) para povoarem o aqua de 65 litros que agora está espaçoso demais. :) Infelizmente tenho estado sem nenhuma das minhas máquinas fotográficas e ainda não tenho fotos para aqui colocar, mas assim que me seja possível vou tratar de as providenciar!
Um grande projecto que tenho vindo a formular, mas que só é exequível a médio prazo por motivos financeiros :P, um "Aquário Chinês" - Tanichtys albonubes, Beaufortia leverettii, Oryzias latipes (este não sendo propriamente chinês anda lá perto) e, claro, a eterna estrela deste mundo feito de água que dá pelo nome de Carassius auratus; é este tipo de fauna, de grande distinção e bonomia, que vai dar vida a este projecto. Está só a começar o projecto mas vai ser algo em grande; vou aqui criar uma série de entradas a ele dedicadas.

13 de junho de 2006

Mais mudanças e melhoramentos

Os últimos dias têm sido um pouco acelerados e com escasso tempo passado em casa perto dos aquários, logo as minhas actividades aquariofilas têm passado mais pela recolha de informação e aperfeiçoamento de ideias, reflexão sobre espécies que me interessem e que tenho possibilidades de manter, melhoramentos no funcionamento dos aquas e dos lay-outs. Foi no envolvimento destes pensamentos que tomei a decisão de reformular o aquário de 65 litros (isto faz já uns dias desde que iniciei esse trabalho), nunca fiquei contente com ele. O caso é que foi montado na pressa do entusiasmo de o montar. Já tenho bem obrigação de saber que as coisas só funcionam à altura das melhores expectativas quando se planificam e se gasta o tempo necessário à criação das condições adequadas.

O aquário de 65 litros, conclui, que tinha espécies de plantas demasiadamente diversificadas e que isso em termos visuais limitava a consistência do aquário. Em certa medida conclui o mesmo no que respeita aos peixes, tinha duas espécies de Tetras, os Neons e os Cobre (Paracheirodon innesii e Hasemania nana) e isso, ainda que em si não tenha mal algum, não dava nenhuma calma ou orientação visual ao aqua, havia sempre peixes dispersos por todo o aqua, sempre coisas a mexerem-se indistintamente, simplesmente não funcionava de modo que me parecesse agradável.

O aquário tinha uma parte com uma bela areia castanha e o restante com areão de vários tamanhos e várias cores misturadas (incluído algumas pepitas de areão colorido) que davam, no geral, um ar pardo ao areão que mal de distinguia da areia e, no particular um ar caótico, um tronco comprido com uma Anúbia erguido no meio do aqua e algumas rochas castanhas claras que apenas eram mais elementos que indefiniam o aqua em vez de o definir. Uma das coisas que de imediato percebi que tinha que alterar era o areão, com aquele o aqua nunca ficaria decente, apontei a mira para um areão escuro que contrastasse com a areia (essa sim bastante bonita), lá fui correndo as lojas numa prospecção de areão escuro; penso que o essencial da minha ideia seria algo que tivesse a ver com um Power Soil castanho da ADA, mas isso está muito além do alcance da minha bolsa, e já que o o aqua não vai ser um plantado (apesar de ter algumas plantas) o investimento não se justificava. Acabei por comprar um areão negro da Scalare, indicado como sendo próprio para ciclídeos, nada de mais além de uma provavél subida do pH que não me incomoda particularmente. Não é aquilo que tinha imaginado mas funciona razoavelmente bem o contraste entre o areão escuro e o verde das Hygrophilas que coloquei nessa zona do aqua. O problema que agora se me apresenta por resolver incide sobre que tipo de rochas vou por no aqua, tenho duas “manchas” principais, uns 2/5 de areia castanha clara e uns 3/5 de areão cinzento escuro, cortados por um tronco comprido e fino de um castanho muito escuro tombado no fundo numa posição que borda o recorte da mancha de areia; agora necessito de encontrar uma rocha razoavelmente grande que sirva como ponto focal do aqua cuja cor combine com as duas principais manchas de cor já existentes (não me agrada a ideia de introduzir uma nova coloração principal no aqua).

A fauna reduzi-a; retirei os tetras e mantenho neste momento apenas uma Ameca, duas Mollies, 5 Corys Panda e um Pitbull, no entanto penso introduzir mais uma Molly fêmea, duas Amecas fêmeas, talvez mais uma ou duas Corys, uns dois Beaufortia levertti e mais uma espécie pequena de cardume, talvez Nuvens Brancas ou Medakas. Ando com a ideia de me dedicar a alguma espécie um pouco mais rara e que funcione em grupos pequenos, e que, claro, seja também pequena.

Assim que puder coloco aqui uma foto do “work in progress”.

O outro aquário intervencionado foi o das Jordanelas, de 15 litros. Deixou de ser de 15 e passou a ser de 30 litros (uma pechincha, da Aquatlantis, a que juntei uma calha de 50 cm com uma T8 de 15 watts que tinha encostada), não que houvesse algo de errado com o lay-out existente ou o funcionamento do aqua, apenas estava tudo um pouco “apertado”. De resto nada mudei, a mesma flora, o mesmo substracto, o filtro apenas o troquei com o do aqua de 37 litros, o excelente deste é que me permite cria um efectivo ponto focal e, o melhor de tudo, introduzir mais exemplares ou talvez uma nova espécie, de killis em princípio, mas estou ainda bastante indeciso, o óptimo é ter possibilidades em aberto!

Quanto a fotos, vale o que disse sobre o outro aqua.

7 de junho de 2006

Susto

Estava eu muito contente a introduzir duas Corys Bronze (Corydoras aeneus) na sua nova casa, o aqua de 15 litros que tenho em Setúbal em casa dos meus pais, quando reparo que o fundo do aquário está imundo. Tinha estado a fazer uma tpa que levantou alguma da areia, que entretanto assentou mas que trouxe ao de cima uma camada razoavel de detritos. Reparo nisto e tinha acabado de colocar o camaroeiro com as corys no aqua - pareceu-me que as duas tinham saído, rapidamente retiro o camaroeiro e começo a aspirar a areia. Terminada a operação, olho o aqua para verificar o que estão achando os novos inquilinos dos seus aposentos, mas apenas vejo uma das corys, pensei que a outra estivesse escondida no "desfiladeiro"; mas nada, não existe uma das corys no aquário. Pensando que "claro que um peixe não leva sumiço em minutos", ponho-me a analisar as hipóteses lógicas que são possíveis, então surge fulgurante a palavra "CAMAROEIRO" na minha cabeça! Lá estava a pobre cory em seco fazia uns 10 minutos... mal a ponho na água sai disparada para o fundo e lá fica de pernas (ou barbatanas?) para o ar.
Já a dava como baixa por conta da minha estupidez. O certo é que agora, coisa de uma horita após os eventos relatados, estão as duas eléctricas e juntinhas vasculhando o fundo do aqua.

Mais cinco pontos para as corys!

6 de junho de 2006

Coridora Panda (Corydoras panda)

Tal como havia mencionado, a ficha da Corydoras panda, em que estava a trabalhar está agora completa e à disposição de todos os admiradores destes simpaticíssimos animais! :P

Coridora Panda (Corydoras panda)

Nijssen & Isbrucker, 1971

Duas Corydoras panda descansam juntas.

Ordem: Siluriformes.

Família: Callichthyidae.

Sinónimos: Não são conhecidos.

Sinónimos comuns: Não são conhecidos.

Origem: Do Peru, da alta bacia do Amazonas. Também pode ser encontrada nos seguintes rios: Rio Aquas, Rio Amarillas, e no sistema do Rio Ucayali.

Habitat natural: As condições do rio onde foi identificada pela primeira vez (o Lullapichis, do sistema do Ucayali) eram as seguintes: um pH de 7.7 e uma dureza total de 3.1 dGH, a temperatura da água variava entre os 23.5° C durante o dia e descendo durante a noite para os 22.5° C. Ou seja, prefere geralmente águas um pouco mais frias do que o que é normal em espécies tropicais, visto que é originária dos rios nas encostas dos Andes onde as águas são mais frias e com alguma corrente.

Descrição: São pequenos peixes com um aspecto curto e encorpado, cujo corpo é constituído por placas ósseas articuladas. O corpo tem uma coloração entre um amarelo muito claro e um bege rosado muito claro também, excepto no pedúnculo da barbatana caudal, na barbatana dorsal e junto aos olhos, onde tem pequenas manchas negras, que nas junto aos olhos têm a forma de listas. Têm junto à boca dois pequenos barbilhos. As barbatanas dorsal e peitorais possuem espinhas. Os opérculos têm um aspecto brilhante.

Comprimento máximo: 4 cm nos machos e 6 cm nas fêmeas.

Dimorfismo sexual: Não é muito pronunciado, no entanto as fêmeas são maiores e mais largas, especialmente se vistas de cima. O macho tem uma forma mais esguia.

Esperança de vida: O comum é viverem cerca de 5 anos mas podem, em condições óptimas, viver cerca de 10 anos.

Temperatura: 19 a 28 ºC, sendo no entanto a amplitude em que se sentem mais confortáveis entre os 21 e os 25 ºC.

pH: Ligeiramente ácido a ligeiramente alcalino, 6 – 8. O pH ideal será um neutro, o mais próximo possível do 7.

Dureza da água: Macia a moderadamente dura, 2 – 12° dGH.

Dieta: São omnívoros, podem ser alimentado com flocos de alta qualidade e devem ser alimentadas em boa medida com pastilhas de fundo. Também apreciam larvas vermelhas e tubifex.

Horas de actividade: São diurnos.

Aquário: Por esta espécie de Coridoras não atingir um grande tamanho um pequeno grupo (cerca de 6) pode ser mantido em aquários relativamente pequenos, de cerca de 20 litros e sem mais peixes. Em aquários comunitários maiores podem ser mantidos grupos maiores. O aquário deve ser muito bem arejado e ter alguma corrente. O areão não deve ter arestas cortantes onde as Coridoras possam ferir os barbilhos que constantemente percorrem o fundo do aquário em busca de comida. Além disso deve ter alguns abrigos onde os animais possam descansar, algo que normalmente fazem em grupo.

Zonas do aquário: Fundo (com ocasionais corridas até a superfície para respirarem).

Sociabilidade: São peixes extremamente sociais que devem ser mantidos em grupos de pelo menos 6 congéneres, ou pelo menos outras corydoras de tamanho idêntico. São dos peixes mais pacíficos que se pode colocar num aquário comunitário. Podem ser por vezes tímidas ou assustadiças se não foram mantidas em grupo ou se foram mantidas com peixes agressivos.

Variedades: Não são conhecidas. É, no entanto, muitas vezes confundida com outras espécies de coridoras como a Corydoras melini, Corydoras adolfoi, Corydoras davidsandi, ou Corydoras metai por exemplo.

Reprodução: É uma espécie ovípara e não muito difícil de reproduzir, desde que se verifiquem condições da água e uma dieta favoráveis. Trocas parciais de água a uma temperatura inferior da que se encontra no aquário ou alimentação com comida viva podem induzir à postura. Para proceder à reprodução deve-se, idealmente, isolar um pequeno grupo, de um macho e duas ou mais fêmeas (deste grupo irá emergir um casal), num tanque próprio de, pelo menos, uns 40 litros. O aquário deve ter algumas plantas (mas preferencialmente Musgo de Java ou Feto de Java) onde os ovos possam aderir já que as coridoras preferem colocar os ovos em folhas de plantas que preparam e limpam para o efeito, do que no fundo do aquário – o fundo do tanque pode ser despido ou coberto com areia fina. Em adição, um pequeno filtro apenas com esponja e um bom arejamento da água proporcionam, em princípio, o conjunto das condições necessárias para uma reprodução bem sucedida.
Após formarem um par, o macho e a fêmea procedem a um enérgico ritual de acasalamento com o macho a posicionar-se sobre a fêmea na perpendicular, numa posição em “T”. A fêmea carrega os ovos junto ás barbatanas peitorais e apenas um de cada vez. É das espécies de coridoras que menos ovos põe a cada postura, e estas normalmente ocorrem por altura do “crepúsculo”, um pouco antes ou depois das luzes se apagarem.
O comportamento dos pais no que respeita a comerem ou não os ovos e aos alevins pode ser imprevisível, pelo que é aconselhável remover os animais adultos do aquário após a postura. Os ovos eclodem entre 3 a 6 dias após a postura. Os alevins devem então ser criados em tanques rasos, como coridoras que são vão necessitar de subir a superfície ocasionalmente em busca de ar, dada a sua pequena dimensão e estado de desenvolvimento essa tarefa deve ser facilitada mais possível. Os alevins devem inicialmente ser alimentados com infusória e náuplios de artémia, passado algum tempo podem começar a comer pequenos flocos. Após cerca de 5 dias as pequenas coridoras começam a vasculhar o fundo do tanque em busca de comida.

Comportamento: São uma espécie activa, muito social e gregária entre si e outras coridoras, e nada agressiva para companheiros de aquário. Devem ser mantidos grupos de 6 indivíduos no mínimo, uma vez aclimatados passarão a maior parte do seu tempo vasculhando o fundo do aquário em grupo buscando comida ou descansando, de preferência, numa zona coberta do aquário. De vez em quando nadam num movimento repentino até a superfície do aquário para absorverem ar.

História e Curiosidades: Foi capturada pela primeira vez por num pequeno arroio junto ao Rio Lullapichis, do sistema do Ucayali, em 1969 e descrita em 1971 por Nijssen e Isbrücker. O seu nome específico, panda, faz alusão as semelhanças da sua coloração com a dos ursos Panda.

4 de junho de 2006

Ponto da situação II

Só um rápido ponto da situação: já testei os aquas para os nitratos e mais alto foi o de 20 litros, vou agora fazer uma tpa. Adicionei à minha família aquática o Crossocheilus siamensis e mais duas Corydoras panda. Estão a dar-se muito bem nos aquas e brevemente vou por-lhes aqui o retrato. Entretanto também estou quase a terminar uma nova ficha de espécie, a da Corydora Panda, que amanhã, no máximo, espero aqui colocar. :)

2 de junho de 2006

Actualizações

Estive a actualizar os setups já aqui publicados e que sofreram todos eles algumas alterações nos últimos dias, no 2 e no 4 quase imperceptíveis, no 3 sim foram mais significativas e não pararam ainda - é um aqua com o qual não estou nada contente, especialmente no que toca à vegetação, já experimentei bastantes plantas que acabaram por sair após uns dias no aqua, e continuo sem entender com quais poderá funcionar. O caso é que a iluminação também nao é grande coisa e isso sem dúvida que limita as opções.

Entretanto estive a medir a dureza total da água de cada um dos aquas e já actualizei a tabela, amanhã terei que arranjar um teste de nitratos, já que estou desconfiado que podem ser nitratos em excesso o que está a causar a queda do pH no aqua de 20 litros.

Amanhã também vem uma nova aquisição cá para casa a que resisti durante algum tempo, já que não me parece muito boa ideia manter nestes aquas um peixe que cresce tanto (já me bastam os de água fria) mas os seus serviços estão definitivamente a ser necessários, é um simpático Comedor de Algas Siamês que deixei hoje reservado na loja e vou amanhã buscar.

1 de junho de 2006

Parâmetros

Resolvi começar a tomar nota dos parêmetros dos aquas e tentar establecer um padrão de "normalidade" de características para cada um deles, e conforme a água de cada um fazer pequenos ajustamentos de fauna e flora, se necessário. É um projecto que até dá um ar de investigação científica à coisa! E bem ou mal já aprendi um bocado de química graças à aquariofilia. :P

Aquário 15L

Aquário 20L

Aquário 30L

Aquário 65L

Data

01-06-06

01-06-06

01-06-06

01-06-06

pH

7,5

6

7

7,2

dGH

4

5

4

4

Amónia

0

0

0

0

Nitritos

0,05

0

0,07

0,08

Nitratos

15

75

35

10

Temperatura

27°

31°

29°

29°

Fertilização

Sim

Não

Não

Sim


Estas foram as medições de ontem. E claro, tenho que comprar o teste de nitratos, o de dureza já tratei hoje de arranjar e daqui a pouco vou fazer a medição, e actualizo isto. A grande surpresa destas medições foi o pH do aqua nº 2, um 6 totalmente inesperado, bem como uma temperatura de 31° que não consigo facilmente explicar nem baixar. Curiosamente é o único dos aquas que já ciclou totalmente, todos os outros tem sofrido tantas alterações de filtros que ainda estão com nitritos.