22 de maio de 2006

Jordanela (Jordanella floridae)

Trata-se de uma espécie de killis, ainda que à primeira vista essa sua condição não seja, provavelmente, a que mais à atenção chama. São peixes pouco exigentes em espaço e com um comportamento interessante, são algívoros notáveis e tem um comportamento para com a prole semelhante ao de muitos ciclídeos. Mantenho neste momento, em situação provisória, um trio na companhia de um trio de Amecas e de um casal de Ramirezis.

Jordanela (Jordanella floridae)

Goode & Bean, 1879

Um exemplar macho.


Família: Cyprinodontidae.

Subfamília: Cyprinodontinae.

Sinónimos: Cyprinodon floridae.

Sinónimos comuns: Peixe bandeira-americana, e em inglês: Flagfish, American flagfish, Florida flagfish.

Origem: Identificado pela primeira vez nos E.U.A., na Florida nos rios St. Johns e Ochlocknee. As populações mais significativas encontram-se no centro e sul desse estado norte-americano.

Mapa do estado Norte-americano da Florida indicando locais onde foi identificada a presença da espécie.


Habitat natural: Cursos de água rasos e pouco agitados, de água doce ou salobra, com vegetação.

Descrição: O corpo é mais curto e “comprimido” do que é normal na maioria dos ciprinodontes. Os machos São bastante coloridos. Tanto os machos como as fêmeas têm uma mancha iridescente verde clara em cada escama. O macho tem riscas vermelhas ao longo do corpo formando um “fundo” que contrasta com as escamas verdes e uma zona azulada no quadrante superior junto à cabeça. As cores podem ser mais ou menos intensas conforme o peixe viva num ambiente ajustado às suas necessidades ou não; estas são no geral muito susceptíveis de alterações – que também surgem relacionadas com rituais de acasalamento.

Comprimento máximo: 6 cm.

Dimorfismo sexual: As barbatanas dorsal e ventral do macho são um pouco maiores e de tom avermelhado. As fêmeas têm uma pequena mancha escura junto à ponta da barbatana dorsal e são, no geral, menos coloridas tendo um tom verde ou acastanhado.

Ilustração assinalando as características dimorfas da espécie; há que assinalar que a pigmentação da mancha na zona lateral do corpo do macho está demasiado esbatida e a ausência da mancha característica das fêmeas na sua barbatana dorsal.


Esperança de vida: 3 anos em aquário e 5 em condições naturais óptimas.

Temperatura: 18 a 30 ºC.

pH: Ligeiramente ácido a ligeiramente alcalino, 6.5 – 8.

Dureza da água: Dura a moderadamente dura, 6 – 10° dGH.

Dieta: Matéria vegetal deve ser o grosso da sua dieta mas, no entanto, são omnívoros e podem comer comidas secas ou vivas. São excelentes devoradores de algas (filamentosas e castanhas incluídas) que devem constituir parte da sua dieta. São também conhecidos por devorarem as plantas mais frágeis do aquário quando não existem outros alimentos disponíveis.

Horas de actividade: São diurnos.

Aquário: São killis e como tal são peixes que se dão bem em áreas relativamente pequenas, ainda que todos os peixes prefiram ter bastante espaço. Se se mantiver apenas um casal um aquário de 15 litros com algumas plantas e esconderijos poderá ser suficiente mas mais é óptimo, se existirem mais exemplares o aquário deve ser proporcionalmente maior.

Zonas do aquário: Todas.

Sociabilidade: São relativamente pacíficos, os problemas que podem ocorrer prendem-se com o facto de os machos serem territoriais e poderem defender ferozmente o seu território de outros machos, mas num aquário grande podem ser mantidos vários machos sem problemas; além disso são pais cuidadosos com os seus ovos e com a sua prole, que defendem de outros peixes vigorosamente. Também podem mostrar beligerância durante o processo da corte.

Variedades: Não são conhecidas, é no entanto por vezes confundido com um seu parente, o Peixe bandeira do Iucatão (Garmenella pulchra), geralmente de temperamento mais agressivo.

Reprodução: São ovíparos e reproduzem-se com facilidade e numa diversidade grande de condições (são uma espécie especialmente adaptável), necessitando apenas de estarem aclimatados. A elevação da temperatura no aquário pode, por vezes, induzir à reprodução. São preferíveis aquários pouco profundos ou com plantas flutuantes já que esta espécie procura depositar os ovos junto à superfície. Em tanques rasos a presença de plantas é igualmente importante para a colocação dos ovos. Musgo de Java ou um mop podem também ser aconselháveis para permitir a colocação dos ovos.

As fêmeas depositam os ovos junto às plantas em pequenos grupos de 5 ou 6 de cada vez e no final de uma postura podem-se contar até cerca de 350 ovos. A postura dos ovos demasiado abaixo da superfície pode ser prejudicial para os alevins que, assim que nascem, procuram vir à superfície encher de ar a bexiga-natatória – o que pode fazer a diferença entre um posterior desenvolvimento saudável do alevim ou não.

Após a postura o macho vigia e cuida de preservar o bom estado dos ovos, mantendo também a fêmea afastada o que pode levá-lo a agredi-la, pelo que eventualmente pode ser aconselhável a remoção desta do aquário. A eclosão dá-se entre 6 e 9 dias após a postura, preferencialmente a uma temperatura de cerca de 25 ºC. Os alevins nadam livremente após 3 a 4 dias, e estes podem ser alimentados de plâncton ou artémia recém eclodida.

A Jordanella floridae é o único ciprinodonte que protege a sua prole.

Comportamento: É um peixe pacífico (ainda que possa ser algo territorial quando se trata de interacção entre machos da espécie) e que podem viver um grupos desde que as fêmeas sejam em maior número – o ideal serão várias fêmeas para apenas um macho no aquário. São peixes que, quando formam um casal, passam muito do seu tempo juntos em manifestações de “afecto” e raramente desaparecem da vista um do outro. É uma espécie que em aquários comunitários pode tornar-se tímida perante companheiros de aquário mais hiperactivos ou agressivos, podendo os indivíduos em casos mais extremos definhar.

Como peixe essencialmente vegetariano que é, passa muito do seu tempo passeando em busca de algas para comer, não as encontrando muitas vezes encara as plantas do aquário como alternativa viável.

História e curiosidades: Foi descrito pela primeira vez em 1879 e foi baptizado com o nome genérico de Jordanella em homenagem a David Starr Jordan, um famoso zoólogo americano e primeiro presidente da Universidade de Stanford. Foram anteriormente identificados erradamente como ciclídeos.

São peixes que nos aquários das lojas raramente mostram as suas verdadeiras cores, mantendo cores entre o castanho e o verde algo indiferenciadas que, assim que se encontram num aquário com melhores condições se alteram para uma coloração espectacular.

O seu nome inglês de “American flagfish” deriva das semelhanças que a sua coloração e a forma como esta está disposta apresenta com a bandeira dos E.U.A.; é, curiosamente, uma espécie mais apreciada pelos aquaristas europeus do que pelos do seu país natal.

1 comentário:

Anónimo disse...

Falta a alimentação!